Braga: “The American Journey”, de Afonso Malato de Sousa no museu da imagem
07-01-2011 09:13O Museu da Imagem, em Braga, inaugura esta sexta-feira (7 de Janeiro, 18h00) a exposição de fotografia “The American Journey”, de Afonso Malato de Sousa.
A mostra – que vai estar patente ao público até 13 de Fevereiro naquele espaço bracarense dedicado à fotografia – resulta de uma selecção da vasta obra de Malato de Sousa particularmente focalizada nos Estados Unidos.
Passando, além de Portugal, por vários outros países (Itália, Argentina ou China, por exemplo), a obra de Malato de Sousa desenvolve-se numa linguagem diversa e, embora se apresente como um viajante, isso não permite inscrever o conjunto dos seus trabalhos na fotografia de viagem.
«A sua tomada de vistas afasta-se do “flâneur” viajante, que regista o detalhe, a descoberta de espaços e situações; os registos de Malato de Sousa recorrem a uma gramática bem estudada e aplicada, na tradição dos grandes mestres americanos», explica o Director do Museu da Imagem.
De acordo com Rui Prata, a escolha das imagens que agora se apresentam em Braga procura corporizar «uma visão sintetizada duma grande e variada nação, ao mesmo tempo que evidenciam a qualidade representativa da fotografia no domínio das artes visuais».
“The American Journey” apresenta-se em quatro subtemas distintos, tão distintos quanto os espaços do Museu da Imagem onde se apresentam.
Assim, no rés-do-chão pode apreciar-se “In The American West”: a paisagem do oeste americano, na sua imensidão e aridez, que remete para os cenários dos “westerns”, encontra-se aqui documentada de forma exemplar.
Já na Torre 1, o visitante encontra “Ma Belle”, conjunto de fotografias que documenta um dos edifícios mais emblemáticos de Nova Iorque – o edifício Chrysler.
Este ícone da arquitectura começou a construir-se a 19 de Setembro de 1928 e terminou dois anos mais tarde, a 28 de Maio, sendo na época o edifício mais alto do mundo, galardão que manteve durante onze meses até à finalização do “Empire State Building”. A variedade de ângulos e perspectivas que o espectador pode vislumbrar nesta série revelam a riqueza do registo fotográfico.
Na Torre 2 pode apreciar-se, por seu turno, “Rock Me Baby”: o pulsar da cidade que não dorme; a grandiosidade dos edifícios, a par das “limousines”, que povoam as grandes avenidas, contrastam com o evidenciar daqueles que, por razões económicas, se vêem obrigados a emigrar.
A representação dos símbolos do capitalismo está igualmente presente, tal como a multi-culturalidade típica desta urbe. Em torno de cada imagem, o visitante pode imaginar uma história; isto ao mesmo tempo que é feito um desafio ao espectador para experienciar uma viagem àqueles locais.
Por último, na Sala 2 do Museu da Imagem, apresenta-se “The Other Side of the Road”, o único conjunto em que o autor recorre ao uso da cor. «Através destas fotografias percorremos as cidades do Interior e todo um conjunto iconográfico que nos remete para a filmografia de Wim Wenders e em particular para “Paris-Texas”; a cor transmite-nos uma nova estética, mas os conteúdos evocam-nos uma América conservadora e, por vezes, anedótica», relata Rui Prata.
Na opinião do Director do Museu da Imagem, mais que um fotógrafo, Malato de Sousa é um apaixonado da fotografia, cujas influências resultam, maioritariamente, da chamada fotografia norte-americana.
«Afirma-nos que conscientemente é um admirador daquele que é o pai da moderna fotografia: Robert Frank. Para melhor verificarmos essa herança podemos evocar, no âmbito da paisagem, o incontornável Ansel Adams. Já no que se relaciona com a fotografia de rua (“street photography”), detectamos marcas indeléveis de um Garry Winogrand ou Minor White. Finalmente, no que toca à cor, é evidente o contágio daqueles que são considerados como os inovadores da estética da fotografia de cor: William Egleston, Joel Meyorowitz e Stephen Shore», explica Prata.
O conteúdo das imagens de “The American Journey” revela-nos a iconografia de um território ora em mudança, ora conservador, imagens que nos remetem para o palco da cinematografia texana ou para a grandiosidade da “big Apple”.
Afonso Malato de Sousa nasceu em Portalegre (1946). Reside em Cascais. Realizou estudos em Portugal, França e Estados Unidos da América. Participou em estágios com Arnold Newman, Jean-François Bauret e Joyce Tenneson, entre outros. Tem realizado várias exposições em Portugal e Espanha, bem como diversas publicações.
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