PCP critica administração do Hospital S.Marcos

27-09-2010 13:46

 

Numa grande iniciativa de marketing o Grupo Mello Saúde tentou, a meio do mês em curso, apresentar um balanço positivo do primeiro ano de actividade à frente do Hospital de Braga.

O anúncio de aumento de produção em intervenções cirúrgicas e em consultas não consegue, porém, esconder a qualidade do atendimento a nível do Serviço de Urgência (SU), alvo de muitas queixas por parte dos utentes, nomeadamente, por aumento do tempos de espera, e de grande descontentamento por parte dos profissionais, que culminou com o pedido de demissão de todos os chefes de equipa.

Esta campanha nalguns orgãos de comunicação social começou já em Julho passado, e teve continuação pelos meses de Agosto e Setembro, sempre com base nos mesmos argumentos: maior actividade cirúrgica e mais consultas.

Entretanto nada se diz sobre a ausência de resposta aos pedidos de consultas de três especialidades que estavam a funcionar no Hospital de São Marcos e que estão previstas virem a funcionar no novo Hospital, mas que, mercê de um condenável entendimento entre a A.R.S.Norte e o Grupo Mello Saúde, foram suspensas, durante o período de transição em curso, no actual Hospital.

Não se fala das novas regras que esta Administração ditou para a Farmácia do Hospital que, ao contrário do que acontecia antes do início da sua gestão, dificulta a entrega de medicação, substitui medicamentos prescritos pelo médico e deixou de entregar a medicação gratuita para certos doentes e doenças crónicas.

E continua a silenciar-se o que se passa nas Urgências, entregues a uma empresa de fornecimento de serviços médicos na área do primeiro atendimento, o que tem agravado os tempos de espera dos utentes.

OS CUSTOS DA EXPLORAÇÃO DO Hospital de Braga

Paralelamente é publicado na imprensa que o”Estado poupa 276 milhões de euros na saúde dos bracarenses” com base na diminuição do preço dos actos praticados em relação ao período anterior, quando o Hospital de São Marcos era um Hospital do sector público administrativo (SPA) – (Diário do Minho -15 de Setembro 2010).

É ali dito que o Grupo Mello aceitou tratar os doentes do Hospital de Braga por menos dinheiro do que o que Estado paga aos outros Hospitais. Alguém seriamente acredita que isto é possível? Alguém acredita que um grupo económico invista na exploração dum Hospital a preços inferiores aos que o Estado pratica nos seus próprios hospitais?

O que esconde esta notícia? Esconde o que noutra notícia publicada em Abril passado, o mesmo Jornal anunciava em titulo elucidativo “Parceria para o Hospital de Braga custa 1,4 mil milhões ao Estado”, estimativa que pode vir a ser acrescida com acertos anuais de acordo com a taxa de inflação e outros (DM 10 de Abril 2010). Notícia que no desenvolvimento também esclarecia que o Estado, de acordo com o Contrato de Gestão, entrega ao Grupo Mello quase 981 milhões de euros para os 10 anos da gestão privada dos Mellos e pagará qualquer coisa como 410 milhões em prestações anuais com início em 2011, como “aluguer” do novo

Hospital, cuja construção e equipamento custará ao Grupo menos de 120 milhões e só em 2040 voltará para a propriedade do Estado.

Quanto ao “menor custo” e “poupança” nas consultas e actos médicos, já os utentes das Urgências, os doentes crónicos, os doentes acamados nas enfermarias, os familiares visitantes e os profissionais vão sentindo como são conseguidos: longas esperas no SU, pior atendimento, recusa de receber certos doentes enviando-os para outros Hospitais, recusa do fornecimento gratuito pela Farmácia do Hospital, de medicamentos para certas doenças crónicas, sendo o caso mais grave o da oncologia (a generalidade dos hospitais públicos portugueses entrega esta medicação gratuitamente), a redução do número de profissionais, prolongamento dos horários e piores condições de trabalho, etc.

O Grupo Mello, como qualquer outro Grupo privado, visa rentabilizar o capital investido e não a melhoria dos cuidados de saúde aos portugueses. O negócio ser a Saúde ou a Refinação de Petróleo, é indiferente para os Grupos capitalistas.

O Estado não poupa. E é o dinheiro de todos nós, dos impostos que pagamos, que continuará a pagar os lucros do Grupo Mello no Hospital de Braga.

A propaganda do Grupo Mello não é outra coisa do que “Gato escondido com o rabo de fora”

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